O consultor Marcos Antônio Santos esteve na Primato Cooperativa Agroindustrial em Toledo e falou sobre o trabalho de gestão ambiental na suinocultura, inclusive com certificação, em tudo que envolve o novo frigorífico da Frimesa que está sendo construído em Assis Chateaubriand, considerado o maior da América Latina e da qual a Primato é uma das cooperativas associadas que irão fornecer suínos para o abate nesta nova unidade.
As obras iniciaram em 2017 e deverão estar concluídas até dezembro de 2022. Inicialmente, a capacidade deve abater 7.500 suínos por dia com investimentos de R$ 700 milhões. Até 2030, a empresa espera finalizar o projeto com uma planta para abate de 15 mil suínos/dia.
De acordo com Santos, o projeto iniciou em 2016 durante o processo de licenciamento de Assis. “Na época, a Frimesa encaminhou os documentos necessários ao antigo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para a liberação do licenciamento ambiental. Um procedimento até então considerado normal”.
O consultor explica que um diálogo foi estabelecido com o Instituto para modernizar o processo, porque o frigorífico representa 25% do impacto ambiental. A preocupação também estava relacionada aos fornecedores de suínos, ou seja, eles manteriam os cuidados semelhantes a empresa?
Santos conta que o projeto de licenciamento desenvolvido pela Frimesa é considerado o primeiro no Paraná neste modelo. “Os fornecedores também tiveram um projeto de licenciamento ambiental. Com isso, para eles repassarem a matéria-prima para a Frimesa devem seguir as normas dentro de um sistema. Nós quebramos um paradigma”.
PROJETO
Em função do grande aporte de produção e de abate e o impacto ambiental, o Paraná foi o primeiro estado que realizou essa exigência ao frigorífico. “A proposta foi apresentada ao produtor de suíno. Nós promovemos um trabalho nas propriedades, como definir o modelo de produção, a destinação adequada do dejeto; entre outros quesitos”.
Diante das informações, o consultor explica que a Frimesa estabeleceu parâmetros para priorizar a reciclagem do nutriente na agricultura, substituindo o fertilizante mineral pelo orgânico.
“Essa foi a base do projeto. O Instituto aprovou o projeto e começamos a desenhá-lo. Nós trabalhamos com dados de pesquisas atualizados; reunimos as equipes técnicas das Cooperativas e com a nossa equipe técnica construímos o sistema. Ao final geramos um manual de gestão ambiental para a suinocultura”, destaca o consultor.
MANUAL
O manual de gestão ambiental de suinocultura é composto por premissas pertinentes para a cadeia. Conforme Santos, trata-se de um manual e dependendo do porte do sistema de produção será genérico. “Por exemplo, em uma granja pequena ou grande, você aplica algumas das opções de tratamento ou de uso. Isso está relacionado muito com a compostagem e a destinação de animais mortos. São várias opções para todos os modelos do sistema de produtivo”.
O grande plus deste material está relacionado a utilização adequada da água. “Antigamente, a água era usada sem muito critério na suinocultura, porque não tinha muito valor. Felizmente, nós temos água disponível, mas ela precisa ser cuidada. O manejo é a gestão da água é importante para a questão dos dejetos, porque se o produtor usa muita água e desperdiça, as demais terão mais dejetos. Você não terá mais nutriente, e sim, terá mais volume”, pondera o consultor.
Santos destaca que o modelo está sendo construído nas novas granjas. “Todas elas devem seguir os critérios. Uma das exigências do Instituto foi que todos os presidentes das Cooperativas e os gestores assinassem um Termo de Compromisso se responsabilizando por atender a esse manual de gestão ambiental da suinocultura”.
IMPORTÂNCIA
William Wesendonck, gestor de suinocultura da Primato, comentou ser “uma honra” receber o material que é “extremamente importante para o setor, esclarecendo tecnicamente e de forma objetiva todos os elos das diretrizes ambientais”. Wesendonck destacou que, entre os assuntos abordados, estão o perfil da propriedade e produtor, área destinada a produção animal e área necessária ao destino dos dejetos, divisas com vizinhos, rios e nascentes, destinação de animais mortos, destinos de resíduos recicláveis. “Ressalto a importância e a atenção que foi dado ao assunto água. Vale destacar também que este material vem com a tecnologia do “QR code” que possibilita ampliarmos ainda mais as informações de cada um dos assuntos separadamente”, disse o gestor de suinocultura.