Medidas são necessárias para evitar a presença do fungo responsável pela doença que mais afeta a soja no Brasil
Quando a planta da soja pode se tornar um risco para a sua própria cultura. É dessa forma que podemos compreender o perigo que representa a existência de soja guaxa, aquela que nasce espontaneamente por conta de alguma semente perdida, em um período não recomendado para a produção. Ela acaba germinando “sem querer” e se transforma numa hospedeira para o fungo da doença que mais afeta a soja no Brasil: a ferrugem asiática.
Em 2021, essa condição tem sido muito observada no campo, de acordo com o fiscal de defesa agropecuário da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), o engenheiro agrônomo Anderson Lemiska: “A gente já está acompanhando e verificando que nos locais em que a soja foi semeada um pouco mais tarde e que agora estão com cereais de inverno (trigo, aveia), há bastante presença de plantas vivas de soja. Nas lavouras de milho, como houve um atraso na semeadura, também aconteceu um fluxo germinativo de soja, principalmente nas áreas que foram semeadas mais tarde”.
É por isso que os agricultores precisam estar ainda mais atentos e buscar auxílio técnico. Combater a soja guaxa e respeitar o vazio sanitário são medidas essenciais para garantir um bom desenvolvimento da cultura posteriormente.
Vazio sanitário
Está vigorando no estado a portaria da Adapar que estabelece o vazio sanitário da soja de 2021. No período entre 06 de junho e 06 de setembro, é proibida a presença de soja viva nas lavouras paranaenses. Esse respiro para a terra tem a intenção de reduzir a sobrevivência do fungo que causa a ferrugem asiática e atrasar a ocorrência da doença na safra. “Eliminando essas plantas agora a tendência é que o foco da doença chegue mais tarde nas lavouras, tendo também uma redução da utilização dos fungicidas para manejo da ferrugem, já que a Embrapa vem demonstrando em pesquisas a perda da eficiência desses fungicidas”, detalha Anderson.
Quem descumpre a regra da portaria está sujeito a multa. Mas muito além de uma possível punição, o que precisa ser levada em conta é a segurança da próxima colheita!
Na prática
Seu Paulo Luiz Nodari, produtor rural de Concórdia do Oeste, distrito de Toledo, já chegou a subestimar a ferrugem asiática e acabou constatando na prática o quanto devia se preocupar. “Já sofremos por não acreditar que a doença traria perdas significativas. Por isso fiz um teste: deixei um pedaço sem tratamento. Fiquei surpreso com a perda! Para evitar o guaxo, faço controle com herbicidas e se ainda sobra, passo roçadeira. Na safrinha de milho também controlamos com herbicida e enxada”, conta seu Paulo, acrescentando que sempre solicita a assistência técnica da Primato para auxiliar nesses casos. “O vazio sanitário bem feito significa economia com fungicidas e colheitas melhores”, aconselha.