Primato consolida projeto do biometano com presença do governador

Um dia histórico. Assim ficará marcado para sempre o 15 de setembro de 2023, quando o governador do Estado do Paraná Carlos Massa Ratinho Junior esteve na assinatura, ao lado do secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, do primeiro contrato para compra de biometano do Brasil. O governador comemorou o aniversário do programa Renova Paraná durante uma solenidade no Clube de Caça e Pesca e o ponto alto foi a inauguração de mais um sistema para a produção de biogás e biometano, instalado na Granja Angst, em Toledo.

Os proprietários, Maria e Emílio Angst, ao lado dos filhos Luiz Henrique e Lucas Adriano, trabalham há 20 anos na criação de suínos e na atividade leiteira e estão investindo R$ 1,3 milhão na instalação de um biodigestor, com recursos do Plano Safra financiados pelo Banco do Brasil e suporte técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). A família é cooperada da Primato Cooperativa Agroindustrial e estão abastecendo o primeiro caminhão movido a biometano, desenvolvido através de uma parceria entre a Primato e a Tupi MWM.

Na visão do presidente da Primato, Anderson Léo Sabadin, “não é fácil empreender no campo. Uma empresa a céu aberto, com variáveis que não controlamos, como o clima. Ser autossuficiente em geração de energia, seja ela, solar, biogás, biometano, produzida dentro da propriedade, poder vender o excedente, e ainda, cumprir a missão de alimentar o mundo é sensacional. Como cooperativa temos interesse pela comunidade, na qual estamos inseridos, isso nos motiva a inovar, utilizando das políticas públicas para sermos vetor de mudanças estruturais e comportamentais.”

Sabadin lembrou, que em 2022, segundo a ONU, tivemos 700 milhões de pessoas que passaram fome, 10% da população mundial. “Precisamos acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes, durante todo o ano. É fundamental garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo.”

 

 

RENOVA PARANÁ

O programa Renova Paraná completou dois anos de lançamento com a marca 6.662 projetos de energia sustentável instalados em propriedades rurais do Paraná, subsidiados pelo Banco do Agricultor Paranaense. O programa apoia as famílias de produtores rurais na implantação de um sistema próprio para geração de energia, seja por meio de placas solares para gerar energia elétrica ou pelo processamento de biomassas para a produção de biogás e biometano.

O programa é desenvolvido pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Agricultura e do IDR-Paraná, em parceria com a iniciativa privada e agentes de crédito. Os 6,6 mil projetos financiados somaram R$ 1,2 bilhão em investimentos, sendo que o Governo do Estado aportou R$ 235 milhões para subsidiar as taxas de juro para os produtores rurais nesse período.

O presidente da Primato Sabadin parabenizou os funcionários públicos do IDR, IAT, Banco do Brasil, além das demais organizações presentes, pelo pilar relacional, colaborativo com nós produtores. “Esse trabalho foi desenvolvido em rede, compartilhado, com relações sociais, ultrapassando o burocrático, com a soma de esforços. Os efeitos da colaboração reverberam para as pessoas. Continuem fazendo o algo a mais, gerando e capturando valor para a nossa sociedade.”

 

DESTAQUE

Ratinho Junior destacou o sucesso do programa, que fez com que o Paraná passasse a ocupar o segundo lugar no País em geração distribuída no meio rural, ficando atrás apenas de Minas Gerais. “Somos um dos maiores produtores de alimentos do Brasil em quantidade, variedade e com sustentabilidade. O mundo exige uma produção sustentável, e isso se reverte em novos negócios e em renda para os nossos produtores”, disse.

“Era isso que tínhamos em mente quando criamos o Renova Paraná, incentivar os agricultores paranaenses a serem autossustentáveis em energia, o que reduz os custos, permite ampliar a produção e agrega valor aos produtos”, disse Ratinho Junior. “O potencial é tão grande que temos aqui no Oeste do Paraná um novo pré-sal. Por isso precisamos organizar essa geração de biogás, junto com os pequenos produtores, e integrar os sistemas para passar a comercializar esse combustível para as cooperativas, as empresas, além de utilizar nos próprios veículos das propriedades”.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Estado ganhou 21.461 novas unidades de geração própria de energia nos últimos dois anos. Até o lançamento do programa, em 2021, eram 6.145 unidades, passando para 27.596 até agosto deste ano, um incremento de 250% no período.

 

AMPLIAÇÃO

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, destacou ainda que essa alternativa também possibilita ampliar a produção suína no Paraná, que é o segundo maior produtor nacional nessa cadeia – foram produzidas 5,9 milhões de unidades ao longo dos seis primeiros meses do ano, recorde para o período. Isso porque ao fazer a destinação correta dos resíduos, os produtores são autorizados a criar um número maior de animais.

“Nós renovamos essa política para ampliar o subsídio aos agricultores que implantarem sistemas de autogeração de energia, bancado 100% dos juros para a agricultura familiar. Já tivemos uma grande adesão de energia solar, e agora queremos crescer com o biogás, porque somos grandes geradores de dejetos orgânicos”, disse Ortigara. “Isso traz um efeito positivo para a nossa agricultura, porque o dejeto tratado é uma fonte importante de matéria orgânica para fertilizar o solo”.

 

NOVAS OPÇÕES

Além da economia, o novo sistema de biogás instalado na propriedade de Maria e Emílio Angst, que tem apenas três hectares, também vai ajudá-los a resolver um passivo ambiental. A geração de biogás utiliza o dejeto dos animais que são criados no sítio e que, até então, precisavam ser destinados a outros locais para o descarte, gerando um custo médio de R$ 6 mil por mês.

Com a nova utilização, o Instituto Água e Terra (IAT) concedeu uma nova licença aos proprietários, autorizando a ampliação da produção. Agora, eles têm capacidade para criar 7,8 mil porcos de uma vez, mais do que quatro vezes a capacidade anterior, de 1,7 mil suínos. O rebanho de vacas leiteiras está mais do que triplicando, passando de 28 para 100 animais. Além disso, o casal também vai introduzir a piscicultura no sítio, com a previsão de oferecer ao mercado cerca de 48 toneladas de peixes por ano.

Pelos cálculos de Emílio Angst, entre três e cinco anos todo o investimento que foi feito na propriedade deve se pagar, porque a ampliação da produção deve multiplicar por 3,5 vezes sua renda bruta. “A gente tinha chegado no limite de produção e já não tinha mais lavoura para jogar os dejetos, e não podia mais aumentar a criação, porque a área é pequena. Aí veio a ideia de implantar o biodigestor, o que permitiu aumentar o número de animais”, explicou.

“Por causa da usina, nos livramos dos dejetos e agora estamos tranquilos, vendendo gás e adubo sólido”, contou. “Daqui uns dias vai surgir a piscicultura também e vamos entregar para a cooperativa o peixe, o porco, o leite e o biometano. Tudo triplicou, até o meu nome no banco ficou melhor”.

A implantação da usina de biogás veio junto com uma série de melhorias na granja, que ganhou um novo barracão para a produção de suínos e um sistema de coleta da água da chuva, que é utilizada para saciar os animais, fazer a limpeza das pocilgas e estábulos e também na produção do biogás. A propriedade já contava com placas fotovoltaicas para a geração de energia.

O biometano produzido na propriedade está abastecendo os caminhões da Primato, da qual o casal é associado e para onde é destinada a produção. Os caminhões vão até o local para buscar o leite, levar leitões e recolher o suíno terminado, entre meio, as cargas de ração para os animais e já saem com os tanques cheios de combustível.

“A vaca que dá o leite, também dá o combustível para transportar esse leite. O custo atual do diesel na produção agropecuária é muito alto. Com esse movimento, os produtores têm redução nos custos, além de resolver um grande passivo ambiental”, afirmou Cícero Bley Júnior, da Bley Energias, uma das 639 empresas cadastradas para atuar no programa e que foi responsável pela implantação do sistema na granja.

“O Renova Paraná está sendo decisivo para ampliar a produção de energia renovável no Estado, porque sem financiamento, os pequenos produtores não teriam dinheiro em caixa para esses projetos”, complementou.

Por fim, o presidente da Primato afirmou que poder público pode fazer mais pela sociedade, com decisões favoráveis ao empreendedor, como é o subsídio dos juros pelo Governo do Estado, aos financiamentos desses investimentos e que o trabalho em parceria com as cooperativas “demonstra que o mundo pode ser melhor. Os nossos cooperados fazem a diferença. Com a geração de energia por biogás e biometano, fechamos o ciclo da economia circular, oportunizando ainda, a produção de bioinsumos e biofertilizantes. A nossa agricultura é sim, regenerativa e sustentável”, finaliza Anderson Sabadin.

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